Se você tem acompanhado notícias sobre instrumentos e especialmente as guitarras, já deve saber dos problemas que grandes marcas como a Gibson têm enfrentado em relação à suas fontes de madeira ao redor do mundo, inclusive há um processo rolando contra a Gibson nos EUA https://blog.andertons.co.uk/guitars/gibson-raid. Há um grande problema de fornecimento de algumas madeiras como o mogno, ébano, o nosso jacarandá da Bahia e outras madeiras que estão cada vez mais difíceis de comercializar, e para a nossa tristeza essas são madeiras tradicionais na fabricação de instrumentos.
Mas se algo fica difícil para uma empresa ela busca outras alternativas, e a tecnologia está ai para isso. Eu não sei desde quando esse processo é dominado pela indústria, mas foi uma novidade para mim saber que eles "cozinham" a madeira, nesse caso o maple, para torná-lo parecido com o rosewood. Há inúmeras espécies de rosewood, o jacarandá da Bahia (Brazilian Rosewood) é uma das espécies mais cobiçadas para fabricação de instrumentos, mas leis de proteção ambiental dificultam o comércio dessa madeira. Também não queremos que madeiras como essas acabem, então acho que deve sim haver um rígido controle. Voltando ao maple "cozido", que você verá com o nome de baked maple, o processo de obtenção dessa madeira consiste em expor o maple comum, de cor clara, à uma temperatura de 200 graus Celsius, num processo chamado de torrefação, depois sob pressão eles devolvem a umidade para a madeira. Veja a comparação de uma escala de maple tradicional usado pela Fender e uma escala de baked maple em uma Gibson Les Paul Studio
Nessa foto você pode até achar que eu não pesquisei direito e me confundi colocando a foto de uma escala de rosewood, então vou deixar o link de onde a consegui https://laboratoriodeluthieria.wordpress.com/2014/10/19/teste-gibson-les-paul-studio-satin-worn-brown/. No final do post encontra-se as especificações técnicas da guitarra.
Eu descobri essa história do baked maple no Andertons Blog https://blog.andertons.co.uk/guitars/gibson-baked-maple-fingerboard-guide, lá você encontra a história completa. Andertons é uma loja Britânica de instrumentos (ou rede de lojas, não sei ao certo e peço que me corrijam se for o caso), eles têm canal no youtube, só pesquisar. Aqui vai mais uma foto comparando o baked maple com o rosewood.
Nessa foto já dá pra notar os veios mais largos do maple, presentes na primeira e na terceira escala. Segundo o blog da Andertons, o baked maple deve possuir uma durabilidade maior do que o maple tradicional, graças ao processo de torrefação, mas isso só poderá ser comprovado a longo prazo. Não vou entrar em questões de timbre de madeira porque esse é um assunto muito polêmico e acima de tudo, eu nunca toquei em uma guitarra com escala de baked maple. O custo de tal processo eu também desconheço. Trouxe esse post aqui mais pela curiosidade que é a obtenção dessa madeira e para que as pessoas fiquem de olho vivo evitando não serem enganadas, caso o processo se torne comum e alguém passe a tirar proveito disso dizendo que o tal baked maple é outro tipo de madeira. Não estou questionando a qualidade dessa madeira, acho até que deve ter uma qualidade muito boa , mas é sempre bom ficar atento ás inovações do mercado.
Vou deixar um vídeo do The Allman Brothers Band aqui no final sem razão alguma além de que me deu na telha.
Até a próxima! (o,o)\m/
Muito interessante, eu desconhecia o método!
ResponderExcluirRealmente. Estou esperando essa novidade aparecer no Brasil para trazer aqui no blog.
ResponderExcluirVi este processo pela primeira vez num documentário feito numa equipe de pesquisadores alemães, cozinhando uma chapa de pinho para soar parecido com o nosso Jacarandá da Bahia... O resultado ficou muito parecido em termos de ressonância da madeira, e na aparência, que só ficou um pouco menos escura que o Jacarandá. Mas, na verdade, o termo certo seria "assar" a madeira, já que foi feito tudo em um FORNO..!
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