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domingo, 11 de junho de 2017

Novo projeto: Les Paul - Apresentação

          Esses dias resolvi comprar uma nova guitarra e decidi que seria uma Les Paul. No entanto queria uma guitarra que não fosse muito cara e que eu pudesse fazer uns upgrades. Juntando isso ao fato de poder compartilhar aqui no blog, pensei em comprar a guitarra, fazer uma análise técnica dela numa espécie de review, depois fazer os upgrades e postar as etapas separadamente. 

           Pois bem, a guitarra será uma Les Paul. Decidi fazer os upgrades e modificá-la tendo uma outra guitarra como base. A guitarra é esta aqui:

     
Pelo que parece essa imagem é de uma modelo assinatura que a Gibson lançou em 2006, mas como é a cópia da original, tanto faz. Essa é a guitarra do grande guitarrista John Sykes. Quem é ligado nesse mundo do rock e de guitarras provavelmente conhece o John Sykes, se você não o conhece é só ir no wikipédia Link aqui, e o mais importante, conhecer o trabalho desse músico através das músicas de bandas que ele integrou e dos seus trabalhos solo.


É certo que quase todo mundo já escutou alguma música dele no whitesnake, e deve concordar que o cara sabe extrair música dessa bela guitarra. Neste site você pode ler mais sobre essa, outras guitarras e equipamentos usados pelo músico http://www.johnsykes.com/equipment.html. Bom, meu objetivo não será o de tentar reproduzir o máximo de detalhes, apenas os que forem mais convenientes para mim. Outro ponto é que não quero gastar muito, o projeto todo não pode sair por mais de mil reais. Tenho em mente que, por esse valor, nenhuma guitarra chegará perto da qualidade de materiais, construção e sonoridade de uma Gibson Les Paul, muito menos uma custom. A ideia é que essa Les Paul sirva apenas como uma inspiração para o meu projeto, além de me divertir no processo. Aos poucos vou postando as outras partes dessa empreitada.  No mais é isso.

Até a próxima!               


terça-feira, 16 de maio de 2017

Características das guitarras PRS

        Imagine os guitarristas do passado com todos os instrumentos que temos hoje. Será que eles estariam usando as marcas e modelos de instrumentos que são associados à suas imagens hoje? Já imaginou Eric Clapton tocando em uma Ibanez, ou Jimmy Page tocando com uma Jackson, Jimmi Hendrix com uma ESP? Essa pergunta me levou a pensar se realmente devemos nos prender tanto às marcas tradicionais e aos mitos em torno delas, ou se devemos experimentar novas coisas e ver no que dá. Talvez pela insatisfação de guitarristas com os modelos tradicionais, muitas marcas que hoje são consolidadas no mercado, começaram a ganhar espaço nos últimos quinze, vinte, trinta anos, mas principalmente a partir da década de 80. Essa reflexão me inspirou a trazer hoje um resumo sobre os aspectos técnicos das guitarras PRS, ou Paul Reed Smith Guitars, e diferenças em relação a outras guitarras. No final deste post, vou deixar alguns links para quem quiser conhecer um pouco da  história das guitarras PRS através de entrevistas com Paul Reed Smith, o fundador dessa empresa e principal responsável pelo design das guitarras que levam o seu nome.

       Agora vamos aos aspectos técnicos desse modelo. Hoje, como qualquer outra marca, a PRS tem diversas linhas de guitarra e também diferenças no hardware, além de também produzir na China, se não me engano, mas é certo que é em algum país asiático. Sobre as Chinesas (ou asiáticas) eu não garanto nada, apenas por falta de informação, mas acredito que ainda sim são de boa qualidade. Os captadores são, geralmente, produzidos pela própria PRS; a madeira predominante no corpo e braço é o mogno; tampo de maple; escala rosewood. Também existem modelos com outras madeiras.

PRS 58/59 Limited Run, com corpo e braço de mogno e escala em rosewood.

PRS Artist Package, com escala em maple.

Ainda em relação às madeiras, vale lembrar que em séries como a private stock, elas podem ser das mais variadas como Afirican Blackwood, Brazilian Rosewood (Jacarandá da Bahia), Cocolo, East indian rosewood, Ebony (Ébano), Exotic Ebony, Figured maple, Kingwood, Macassar ebony, Madagascar rosewood, Tulip, Ziricote e outras. Dá pra ver que são várias usadas, algumas ai eu nunca ouvi falar na vida. É clara e notória a semelhança das madeiras e a forma como são dispostas no instrumento, e até mesmo da aparência da guitarra, com os modelos Les paul da Gibson, ou seja, braço e corpo de mogno com tampo de maple

   PRS custon 24 retro
   
PRS Santana Signature Model

Além disso o fato da guitarra possuir dois captadores humbuckers, chave seletora de três posições, tarraxas posicionadas na forma 6x6 e ângulo no headstock são outras semelhanças com o modelo Les Paul. Confesso que por muito tempo, para mim, a PRS era a guitarra do Santana e eu nunca tinha ouvido falar na marca PRS. Isso foi bem antes de eu começar a tocar, e mesmo depois que comecei não me atentei muito para esse modelo.

Carlos Santana com a sua PRS assinatura

Para os modelos mais tradicionais, se é que posso dizer isso, que se assemelham mais com os do final dos anos setenta e início dos oitenta, como a PRS custon 24 retro ou mesmo a do Carlos Santana, a ponte é semelhante a de uma stratocaster da Fender, com alavanca e bloco de aço.

PRS custon 24 retro

Até agora não falei de uma característica muito notável, principalmente se comparamos uma PRS a uma Les Paul, que é o fato do conceito original, e quase todos os modelos, serem single cutway. Essa característica está presente nas stratos, e realmente deixa o acesso às últimas casas mais confortável, o polegar fica mais "livre". Portanto imagino que esse ó o motivo para a guitarra ser double cutway, pode até ser por uma questão apenas estética, mas a sua funcionalidade é presente da mesma forma. As lendas são muitas e as fontes nem sempre confiáveis, o que sei é que levou um certo tempo até Paul Reed Smith chegar num modelo que estivesse, eu sua visão, pronto para a comercialização. Encontrei duas fotos do que seriam os primeiros protótipos construídos por Paul. 


Abaixo o criador da marca, em 1975, com um modelo que lembra muito uma Les paul special ou uma Les Paul Junior. Não estou acusando ninguém de ladrão de ideias ok? Tudo deve partir de algum ponto para depois se aperfeiçoar, é preciso ter uma referência.
  
                                                                       
Na foto abaixo é possível ver Paul R. Smith com um modelo já aperfeiçoado e pronto para o mercado. Já é possível reconhecer a guitarra como a PRS que vem a nossa mente quando pensamos na marca,  já com os inlays de pássaros para marcar as casas. A foto, pelo que pesquisei, foi tirada por volta de 1984. Se alguém souber estimar melhor essa data, avise para que eu faça a correção.


Sobre a inclinação do headstock na PRS, na minha visão, ela foi concebida para evitar o problema de quebra de headstock do modelo Les Paul e proporcionar menor atrito no nut.  O ângulo no headstock é ilustrado na imagem abaixo, sendo que na primeira guitarra não há inclinação (ângulo igual a zero) e na segunda o ângulo é beta β. Lembro que mesmo em um headstock sem inclinação as cordas formam um ângulo depois que passam pelo nut, pois os postes das tarraxas estão em um nível abaixo do nut. Isso é inevitável e essencial para que um instrumento como a guitarra afine corretamente.     


Vou apresentar a seguinte imagem para mostrar que quanto maior o ângulo de inclinação, maior a força vertical, que incide no nut. Se você não gosta de física, apenas pule essa parte e acredite no que eu já disse hehe.
Para quem lembra da física, a força que a corda exerce é representada pela seta vermelha e as setas amarelas representam a decomposição da força na vertical e na horizontal. Lembrando que a seta vermelha possui as mesmas dimensões nas duas imagens, ou seja, representam a mesma força e portanto elas podem ser comparadas. Lembro também que vamos trabalhar com valores adimensionais. Notamos então que no primeiro caso a força vertical é de 66, 44 e no segundo é de 111, 86 e quanto maior o ângulo, maior a força vertical. No caso da força horizontal acontece o contrário, mas para nós o que interessa é a horizontal. Uma maior força vertical pode ser traduzida como mais força no nut, e portanto mais atrito. Isso prejudica a estabilidade da afinação, pois propicia a corda a travar no nut, e ainda resulta numa força maior na parte mais sensível do braço do instrumento. A conclusão que podemos tirar disso é que o ângulo do headstock de uma guitarra PRS é mais vantajoso do que o de uma guitarra modelo Les Paul. Isso não significa de forma alguma que uma Gibson Les paul é uma guitarra inferior, só um maluco diria isso, são apenas modelos com características diferentes. Outra característica é que numa PRS a corda passa quase que reta até a tarraxa, sem uma curva como em outros modelos, isso também ajuda a diminuir o atrito com o nut e assim manter a afinação. Só tenha em mente que tudo isso sobre afinação deixa de valer se a guitarra tiver ponte flutuante, pois nesse caso o nut tem uma trava. Veja a imagem seguinte para entender melhor e observe a inclinação das cordas quando passam pelo nut.


As tarraxas com trava também ajudam a evitar esses efeitos negativos e mantém a afinação muito estável, desde que a corda não prenda no nut, e mante-lo lubrificado é uma boa ideia. Exite um post sobre esse assunto aqui no blog, só clicar no link a seguir: Lubrificantes usados em instrumentos. Como o próprio Paul R. Smith diz em vídeo deixado no segundo link no final do post, o sustain não depende só da massa do instrumento, mas também dos locais onde a corda se apoia. Segundo ele a bolinha da corda deve ficar mais próxima da ponte, bem dentro do bloco, para que a corda não se movimente muito no carrinho. Os postes das tarraxas e as próprias tarraxas devem estar bem firmes, e para garantir a afinação a ponte deve voltar sempre para o mesmo lugar depois de, por exemplo, uma alavancada ou um bend. Sim, pontes estilo fender com 2 pivôs se movimentam mesmo com um bend. No final das contas, como diz Paul, se o instrumento desafinou é porque algo se moveu, algo saiu do lugar e não voltou para a mesma posição. Vou comentar esse assunto da posição das cordas no bloco em outro post, até para complementar este, depois deixo o link aqui.

Sobre o comprimento de escala das PRS, o padrão é 25", como na Custom 22. Contudo existem outros modelos da marca que possuem comprimentos de escala diferentes, como é o caso das Assinatura do Santana (na imagem a Santana Retro) com 24,5", e a The McCarty 594 com 25,594". O nome dessa última inclusive, é por causa dos números depois da vírgula no seu comprimento de escala, 24.594". As imagens das guitarras estão na ordem em que foram citadas.


Existe um post aqui no blog sobre esse assunto, inclusive com um material para download. O link está aqui: Gabaritos de escala (guitarra e contrabaixo, padrão Fender e Gibson)  

Hoje a marca tem muitos modelos e apesar da maioria ser de braço colado,  existem modelos com o braço parafusado. A clara intenção é de remeter o som de uma stratocaster, que possui o braço parafusado no corpo.

PRS CE 24. Braço de maple, parafusado (Bolt on neck) 

Algumas também possuem a ponte no modelos das les paul, tipo tune o matic. Em algumas até o formato do corpo é single cutway, para remeter ainda mais ao modelo em que foi inspirada.

MC Carty 594 e Mc Carty SC 594

O peso das guitarras PRS varia de acordo com o modelo, madeiras, etc. O que encontrei pela internet foi  um peso que varia de 6 a 8,5 libras ou de 2,72 a 3,85 Kg, para guitarras de corpo sólido. São, na média, mais leves do que uma Les paul.

      O fato de Paul Reed Smith ser guitarrista ajudou muito na criação do instrumento, pois ele entende na prática as necessidades do consumidor final. Existem opções diversas desse tipo de instrumento, que mesclou o que já havia no mercado, principalmente elementos da Les Paul e da Stratocaster, e acrescentou características novas e que podem ser vistas como melhorias, embora esse conceito pode ser relativo. O que não é relativo é o capricho da marca em cada detalhe, são guitarras muito bonitas e que já garantiram o seu lugar no mercado e no gosto dos músicos profissionais e amadores.

Até a próxima  \m/(o,o)


Entrevista de 1986:  https://www.youtube.com/watch?v=ei2lpCavAeE
Entrevista Recente:  https://www.youtube.com/watch?v=LRCIicyETNk
Um pouco da história da marca: http://www.strikemusic.com.br/prs/historia.asp




sábado, 29 de abril de 2017

Modificações para guitarras modelo Les Paul

          Há alguns dias li uma publicação da Guitar & Bass magazine que achei bem interessante e resolvi trazer aqui. A publicação (link no final deste post) é em inglês, mas quem tem dificuldade com o idioma não encontrará muito problemas, já que as explicações contam com ilustrações muito sugestivas. Além do mais o tradutor do google está ai pra isso. Não testei, por isso não afirmo que as dicas e modificações mostradas na publicação funcionam e que são muito perceptíveis. Apesar de não ter comprovado a eficácia, o que me chamou mais atenção foi uma chave seletora de seis posições para les paul, que achei a modificação mais interessante dentre as 25 sugeridas. 


A publicação foi há cerca de um ano e diz que o produto foi lançado recentemente, por isso acredito que é um produto ainda desconhecido, ou pouco usado,  no Brasil. De qualquer forma, eu não conhecia e se um dia tiver a oportunidade, pretendo adquirir e postar aqui o seu funcionamento e algumas ligações possíveis. 


Por hoje é só, flw!   

          

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Lubrificantes usados em instrumentos

          Antes de tudo vale lembrar que não existe mágica numa peça só porque é feita para  o uso em instrumentos. O mecanismo de uma tarraxa, por exemplo, é um conjunto de eixos e engrenagens, assim podemos partir dessa ótica para analisá-lo. O mesmo vale para outras peças do instrumento. O nosso tipo de lubrificação não é constante como em máquinas industriais, que possuem altos níveis de desgaste e trabalham com constante variação de temperatura, mas deve ser feita com certa periodicidade. Portanto tudo que vou dizer aqui é pensando em nossa realidade. Vamos conhecer os tipos de lubrificantes que são usados e alguns, que na minha opinião, não devem ser usados e por qual motivo.


Tipos de lubrificantes utilizados em instrumentos   

Lubrificantes sólidos 

Grafite:



Onde utilizar: Utilizaremos o grafite no nut (pestana) e nos carrinhos (saddles) dos instrumentos. Não é necessário comprar o grafite, pode-se raspar a ponta do lápis e você terá grafite enquanto o lápis durar, e é muito tempo. Pode parecer óbvio, mas não se deve em hipótese alguma usar lubrificantes líquidos ou pastosos nesses pontos do instrumento, nunca usar óleos ou graxas. 

Características: O grafite não muda suas propriedades com a temperatura (essa característica não faz muita diferença no nosso caso); Possui um bom índice de adesividade, o que significa que apesar de ser sólido ele irá grudar e ficar no lugar que você deseja com certa facilidade; Não possui impurezas abrasivas, ou seja, apesar de ser sólido não possui partículas que iram riscar ou "lixar" as peças em contato com ele.  

Finalidade: Neste caso a maior finalidade é a estabilidade da afinação. Usar grafite no nut do instrumento ajuda as cordas a voltarem para o lugar, por exemplo, depois de um vibrato ou um bend. Depois de usar o grafite pode dar adeus àquele "tink" no nut na hora de afinar, principalmente se ele for de plástico. Esse barulho acontece porque a corda trava num ponto do nut e subitamente se desprende. Nos carrinhos a função do grafite é a mesma. 


Passar o grafite bem na cavidade (slot), indicado na figura acima, onde se apoia a corda. Esse procedimento ainda ajuda a evitar o afundamento do slot onde se localizam as cordas. Esse afundamento é mais comum em saddles de qualidade inferior, mas acontece em outros, o que varia é o tempo que esse processo leva. Isso também pode acontecer devido ao suor que ajuda a corroer o local que já está sob pressão das cordas. Se a cavidade ficar muito grande a única solução é a troca dos carrinhos. Em resumo é importante manter as peças limpas e bem lubrificadas.         

Passei a utilizar grafite para lubrificar a guitarra depois de ler uma matéria na guitar player de dezembro de 2001, escrita pelo Henry Ho, que falava da regulagem das guitarras do Yngwie Malmsteen. Assim que eu achar a revista, coloco a foto da matéria aqui.

Cera de abelha e parafina:
Como lubrificante, o seu uso fica restrito a utilizá-los em parafusos para facilitar o trabalho de parafusar braços de guitarras e contrabaixos. Mais uma vez, sem exageros na quantidade utilizada, deixo como exemplo a figura abaixo.


Apenas como curiosidade, deixo a foto de um banho de parafina (parafina e cera de abelha, a proporção e tudo mais fica pra outro post) em um captador single que rebobinei e troquei os ímãs.


Sobre os Metais:
Não chega a ser um lubrificante propriamente dito, apenas é um metal (ou liga metálica) que possui o coeficiente de atrito muito baixo e por isso é usado em alguns casos. Muitas engrenagens de tarraxas feitas de latão exatamente por esse motivo, além do que acontecerá o desgaste em apenas uma peça, que poderá ser substituída, e não em duas. Nuts de metais, como o latão, são muito comuns também.  

Lubrificantes líquidos 

Óleo de máquina:
Onde utilizar: Deve ser usado nas engrenagens das tarraxas, pouca quantidade é suficiente. A intenção é formar uma película entre as partes móveis. Aplica-se com um palito de dente, por exemplo, para dosar melhor a quantidade. Não exagerar, é apenas uma película fina.


Características: Para essa finalidade, eu utilizo o óleo da marca singer, pois é de uso residencial; trabalha bem a temperaturas do nosso caso, que são relativamente baixas; A viscosidade é adequada para a maioria das coisas que temos em casa, isso se aplica às tarraxas de violão, contrabaixo, guitarra, cavaquinho, etc; Também se adere bem às peças e as mantém lubrificadas por um bom tempo.

Finalidade: O óleo cria uma película fina entre as peças e isso diminui o atrito e por sua vez o desgaste das peças, além de prevenir a corrosão das mesmas. 

Desengripantes:
Vou destacar aqui o WD40. Não é minha intenção prejudicar a imagem do produto, apenas vou falar dessa marca porque é o que vejo causando mais polêmica quando o  assunto é a sua aplicação em instrumentos, mas o que vou dizer vale para a maioria, se não todos, dos produtos como esse.

Onde utilizar: Esse tipo de lubrificante deve ser usado da mesma forma e nos mesmos locais em que o óleo de máquina, porém deve-se despejar o produto em uma tampinha, por exemplo, para ter o controle da qualidade a ser aplicada. 

Características: Possui praticamente as mesmas características do óleo de máquina para o nosso caso. 

Finalidade:  A mesma do óleo de máquina para o nosso caso. 

A polêmica
Esse tipo de lubrificante pode ser usado como descrito acima e com as mesmas finalidades; Para limpar peças já enferrujadas que não querem se mover e também retirar resíduos de suor ou de outros lubrificantes. As discussões geradas acerca desse lubrificante é a sua utilização em outras partes do instrumento. Já vi gente no youtube usando em escalas e no corpo de instrumentos. Eu não recomendo e digo isso por que não vejo como a principal função desse lubrificante. No site do produto http://wd40.com.br podem ser encontradas várias aplicações, mas no final existe este aviso mostrado na imagem : 

       
Apesar do fabricante dizer que o produto não resseca borrachas, não ataca pintura e não agride madeira, não significa que foi desenvolvido para a limpeza de áreas que possuem pintura e muito menos para a hidratação de escala de instrumentos. Quanto ao aviso legal, o fabricante se refere à lista de usos que você pode encontrar no site do produto, cujo link já deixei aqui. Na minha opinião é um excelente produto, mas para uso em instrumentos indico apenas para as aplicações que descrevi aqui. Isso, para mim, vale para desengripantes no geral.  

Sobre óleos vegetais 
Não indico para o uso em partes de metal do instrumento e já vi canais grandes no youtube indicarem. Funciona como lubrificante, mas esses óleos tem uma maior tendência à oxidação e com o tempo podem deixar resíduos nas peças. Essa é a minha visão e não bato o martelo dizendo que é errado e pronto, apenas não utilizo pelos motivos que descrevi. Para a hidratação da escala existem óleos específicos no mercado para este fim, mas podem ser utilizados outros óleos como o óleo de peroba (apesar de ser uma mistura de óleo vegetal e mineral) e óleos vegetais semelhantes. O próprio óleo de peroba tem uma versão lavanda, recomendo o tradicional. Na dúvida, leia o rótulo do produto e se o fabricante indicar está tudo ok.  

Lubrificantes semi-sólidos (graxas)

Existem graxas de vários tipos e direcionadas a várias aplicações diferentes. Indica-se o uso de graxas para engrenagens abertas, que trabalham sem uma caixa protetora (caixa essa que muitas vezes é preenchida com um certo nível de óleo). Essa indicação se dá pelo fato de engrenagens abertas estarem muitas vezes em rotação e óleos seriam expelidos muito facilmente das peças, é por isso que a gente usa graxa e não óleo na corrente e coroas da bicicleta), também temos que levar em conta fatores como impurezas presentes no local para essa avaliação. As vezes um óleo muito viscoso pode ser usado, mas como estamos falando de engrenagens de tarraxas que são muito pequenas, ficam a maior parte do tempo paradas e não estão expostas a ambientes muito sujos, podemos utilizar os lubrificantes líquidos descritos aqui. Nada impede o uso da graxa em engrenagens de tarraxas, mas sem exageros. Não recomendo muito, pois a graxa velha é difícil de remover numa próxima lubrificação e pode grudar nas mãos e em outras partes do instrumento.        
Aqui finalizamos os tipos de lubrificantes utilizados em instrumentos. Sugestões são bem vindas.

Um pouco sobre Tarraxas Blindadas 
Engrenagens blindadas são engrenagens trabalham dentro de uma "caixa fechada", são engrenagens fechadas. São mais comuns em guitarras, já as abertas são mais comuns em violões, contrabaixos, cavaquinhos, violas, etc. 


Uma fina camadas de óleo é o tipo de lubrificação dessas tarraxas. Essas afirmações não valem para engrenagens de baixa qualidade que muitos dizem serem blindadas, são apenas engrenagens fechadas, o que as protege de impurezas do ar e do ambiente. Na falta de uma tarraxa de qualidade, prefiro engrenagens abertas do que essas fechadas de baixa qualidade, nelas posso ter acesso às engrenagens e limpá-las com querosene, ou um desengripante como wd40, aplicar um novo lubrificante e conferir se todos os parafusos estão firmes. Temos que ter em mente que tarraxas blindadas de boa qualidade não requerem esses mesmos cuidados, até mesmo porque o acesso a parte interna não é possível. Na minha opinião, nessas tarraxas de baixo custo a tampa poderia ser removível, o que daria acesso às tarraxas. Até é possível retirar essa tampa, eu mesmo já fiz, mas é muito trabalhoso, nada prático. Enfim, tarraxas baratas são tarraxas baratas, não dá pra exigir muito delas.    

Consequências de não lubrificar o seu instrumento.
Não lubrificar, ou uma lubrificação deficiente, pode reduzir a vida das peças do instrumento. Isso tudo depende de quanto você usa e por sua vez os efeitos de uma lubrificação adequada  são muito mais perceptíveis quando o instrumento é muito usado. Se a pessoa usa pouco o seu instrumento e por isso afina a guitarra poucas vezes, pouco se nota a diferença, mas se você gosta de cuidar das suas coisas vai concordar que com esses cuidados só temos a ganhar. Esses tipos de cuidados com o instrumento podem fazer que passem anos até que seja realmente necessária a troca de algum elemento.  

Espero ajudar algumas pessoas com esse material. Estou aberto para receber dúvidas e sugestões. Abraço!

 (o,o) \m/

domingo, 23 de abril de 2017

Como usar um gabarito de raio

          Essa ferramenta é muito útil na hora de regular a ação das cordas na guitarra e deixa muito pouco espaço para equívocos em uma regulagem. Antes de ter essa ferramenta eu usava um cartão de crédito que cortei no raio da escala, já dá pra imaginar que a coisa não era muito precisa. O pior de tudo é que no começo a gente não tem noção, ou nem para e pensar mesmo, têm preguiça e acaba não pesquisando direito e a regulagem nunca fica boa. Depois de um tempo tocando descobri esta ferramenta, o gabarito de raio, mas ainda não sabia usa-lo. Eu deixava as cordas niveladas, porém fazia tendo como referência a parte de cima das cordas, ou seja, fuuuuuu#@!&*^*%*ia com a ação das cordas. Isso pode parecer algo muito óbvio pra muitos, contudo na época que comecei a regular o meu próprio instrumento eu mal sabia tocar direito e portanto não sabia diferenciar uma boa regulagem de uma ruim. Também naquela época, existiam imagens na internet mostrando a ferramenta embaixo das cordas, mas a internet não bombava tanto e eu não conheci a ferramenta pela internet, além do que achava que o meu jeito era o certo...coisas da vida. 
            
            Vamos agora à utilização do gabarito. A ferramenta deve ser colocada em baixo das cordas e daí sim fazer a regulagem de altura dos carrinhos, como mostrado na Figura 1. Lembrando que nada te impede de usar a ferramenta como na Figura 2, mas existem várias desvantagens com essa regulagem. 

Figura 1

Cada um é livre pra fazer as coisas como bem entender, mas não aconselho. Esse não é um dos casos que dizemos que não exite o certo e o errado, como a ordem de pedais, já que fazer os ajustes dessa forma vai dificultar a tocabilidade. Eu diria que fazer como na Figura 2 é muito desaconselhável. 

Figura 2

Para não restar dúvida, a nossa referência é a parte inferior das cordas como na Figura 3 e nunca como na Figura 4, como eu fazia erroneamente no passado.  

Figura 3                                                                     Figura 4 

           Existem outros tipos de gabaritos, mas o meu é este mesmo da Figura 5. O nome da ferramenta em inglês é understring radius gauge, só pelo nome o cara já saca o modo de usar a ferramenta e evita o jeito errado.

Figura 5

 A nossa língua é muito complexa e as vezes nos confunde um pouco, já o inglês é mais prático em várias situações. E falando em inglês, vou deixar um vídeo da stewart macdonald onde se pode ver as mais diversas formas e utilidades de gabaritos de raio. Esse site, que muitos já devem conhecer, tem de tudo em se tratando de ferramentas para luthieria, a desvantagem é o imposto que pagamos por comprar do exterior, mas fica a dica.


Vale lembrar que as vezes é necessário fazer uns ajuste fino nas primeiras cordas, levantando essas cordas um pouco, principalmente para raios menores que por sua vez têm escala mais curvada. Isso porque num bend as notas podem morrer quando a corda esbarra na escala, é ai que vemos a importância de não apenas ter a ferramenta e saber como ele funciona, mas também se na prática vai tudo funcionar bem. Também por esse motivo não é muito fácil conseguir uma ação muito baixa em escalas de raio menor sem evitar trastejamentos e esse problema na hora dos bends. No mercado livre é possível encontrar essa ferramenta, com vários raios, e o preço é bem justo, a qualidade eu não posso atestar. Como se pode ver no vídeo dá até pra ajustar os pólos de captadores com essa ferramenta, comprovando que o investimento vale, como diria o chaves, muitíssissississimo a pena.

Valeu! \m/(o,o)      

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Monte o seu pedal (Big Muff)

          Depois de conseguir certo domínio na manutenção e customização de uma guitarra, o próximo passo foi pular para os pedais de efeito. Isso aconteceu pra mim de uma foma natural, pois eu queria ser capaz de tirar um timbre parecido com o de diversos guitarristas em suas músicas, além de ter mais efeitos disponíveis. Como já estava familiarizado com a eletrônica, foi relativamente fácil juntar tudo e começar a fabricar os pedais.

         Vou disponibilizar aqui um passo a passo para que qualquer um possa construir o seu pedal, que será o famoso Big Muff. Esse foi também o primeiro pedal que construí. Há vários esquemas na internet que você pode usar, porém aqui reuni as informações de forma que a pessoa que for montar o pedal seja capaz de finalizar a montagem com o mínimo de dúvidas e contratempos, mesmo que nunca tenha feito nada parecido. Como muita gente sabe, existem diversas versões do big muff, mas a que vou apresentar é a versão 2 de 1973 do big muff rams head. Escolhi essa versão pois, segundo o autor desta página  big muff page, é o que mais se assemelha à versão utilizada ao vivo pelo David Gilmour. Abaixo o diagrama, retirado da mesma página do link, no qual me baseei para esse projeto.

Para algumas das outras versões é necessário apenas trocar os valores de alguns componentes, mas aconselho isso apenas para quem já tem alguma experiência na área. Se você já tem familiaridade com o assunto é só baixar o arquivo que vou disponibilizar e montar o pedal,  se não é só continuar lendo que a partir daqui explico a montagem pensando em quem nunca montou nada parecido na vida. 

       Quem nunca mexeu com eletrônica na vida, mas deseja seguir em frente com esse projeto, precisa adquirir certas ferramentas básicas, sem as quais é impossível realizar esse projeto. Abaixo a lista dos materiais básicos:

*Ferro de solda             (indico o de 30 Watts se é iniciante no assunto)    
*Solda                          (Eu uso a da marca best, mas existem outras de boa qualidade também)
*Multímetro digital      (O meu é o ET-1002 da minipa, mas existem multímetro na faixa de 25 reais no mercado)
      
Também é preciso ter uma retífica manual para perfurar a placa do circuito, mas se você não possui uma há outras opções. Eu já cheguei a usar uma furadeira convencional com uma broca de 1mm e funcionou muito bem. Se ainda sim ficou difícil você pode simplesmente comprar uma placa já perfurada (placa universal, placa protótipo) e fazer as trilhas com a solda. Falei o nome de algumas marcas apenas como referência, e indico apenas porque uso e sei que são bons produtos. Dá pra ver que existe um investimento inicial, mas acho que vale a pena diante do prazer de construir algo com as suas próprias mãos e ver funcionando.    

Segue abaixo o material em PDF 

CIRCUITO PARA IMPRESSÃO E ESQUEMA DE LIGAÇÃO:

Os componentes com asterisco são os que eu mesmo adicionei ao esquema original. Coloquei um resistor de 1M na entrada para evitar o ruído "pop" quando a have é acionada; Um diodo 1n4002 para evitar danos ao pedal caso ele seja ligado com a polaridade da fonte de alimentação invertida; Um capacitor eletrolítico de 100uF para atenuar ruídos provenientes da fonte de alimentação. 

Alguns pontos importantes:  

*O resistor ligado no LED pode ser de um valor acima do sugerido, eu mesmo usei um de 33kohms para diminuir um pouco o excesso de brilho. Há uma fórmula para saber qual resistor usar em cada situação, se quiser se aprofundar Como ligar um LED.
*O jack de entrada é estéreo e o de saída é mono. Esse recurso é usado para evitar a alimentação do circuito enquanto o jack de entrada não está conectado, evitando principalmente o consumo desnecessário da bateria. 
* É possível usar uma chave DPDT no lugar da 3PDT, apenas ignore os terminais do meio. Tenha em mente que essa substituição implica na ausência do LED indicador. 


*Usar uma fonte de boa qualidade, com tensão de alimentação de 9 Volts, ou bateria de 9 Volts.
*Você pode deixar a bateria conectada dentro do pedal e utiliza-lo com a fonte, pois o jack é construído de forma que quando a fonte está ligada a alimentação da bateria é cortada. Para isso eu utilizo o tipo de jack igual o da figura abaixo, ele é bem construído e facilita a instalação na caixinha.


MUITO IMPORTANTE

*Alguns componentes tem lado certo para instalação. Diodos, transistores, LED's e capacitores eletrolíticos devem ser instalados na posição correta ou não irão funcionar corretamente. É nessa hora que o multímetro é mais necessário, pois com ele é possível verificar a posição correta dos diodos, LED's (que são um tipo de diodo) e dos transistores. 


Como na figura, os diodos possuem uma listra que indica o catodo (-) e que também está representada nos esquemas. No caso dos transistores é necessário fazer a verificação, por que se o método escolhido para a confecção da placa for usando a caneta marca texto, a posição dos transistores pode ficar invertida. No link a seguir há uma explicação de como identificar corretamente os terminais do transistor: https://www.youtube.com/watch?v=dA6is9UNi_I. O nosso transistor é do tipo NPN. Depois de aprender a identificar os terminar é só associar o emissor de cada transistor ao resistor ao qual ele está ligado e ai não tem erro.  Emissor de Q1 ligado ao R4, de Q2 ao R10, de Q3 ao R21 e o de Q4 ao R22.  
*Você pode deixar de fora o diodo e o capacitor que adicionei, mas perderá as características proporcionadas por eles.   

          Depois de tudo comprado, o primeiro passo é corroer a placa, se ela já não for perfurada. Acho que a melhor forma de explicar esse processo é através de vídeos já disponíveis no youtube. Nos links abaixo você vai encontrar algumas formas de fazer isso. A primeira forma é a mais simples e barata, levando em conta que estamos lidando com uma placa pequena.


Para a etapa de soldagem dos componentes vou deixar o link https://www.youtube.com/watch?v=d6LvS3XfxBU para um vídeo onde o processo é feito com uma placa universal, o ato de soldar em si é o mesmo. A soldagem dos demais componentes é análoga, só seguir o esquema do PDF.

        Uma curiosidade é que apesar de todo mundo dizer soldagem, esse é na verdade um processo de brasagem. Para que haja solda os materiais têm que se fundir e não é isso o que acontece no nosso caso. Não muda nada na nossa vida, mas vale como conhecimento.

          Existem projetos mais simples por ai, no entanto esse está bem detalhado e é possível aplicar os passos e conceitos em outros projetos. Muitas pessoas não gostam do efeito de fuzz, mas o big muff é um fuzz mais nervoso e por isso pode agradar até àqueles que não são chegados a esse tipo de efeito. Quem construir mande a foto do pedal, entre em contato através de um comentário e se a pessoa quiser eu posto a foto do pedal aqui. Vou deixar a foto do meu big muff (ainda sem a chave de acionamento), e quando possível colocarei um áudio também. 
    

Abraços!   \m/(o,o)\m/

   



  

quarta-feira, 5 de abril de 2017

Gabaritos de escala (guitarra e contrabaixo, padrão Fender e Gibson)

          O último post foi falando de escalas com o baked maple, nisso lembrei que tinha desenhado no autocad (para garantir a precisão dimensional) duas escalas com as medidas da Fender e da Gibson.
Fiz esse material pensando em conferir a medida das escalas em guitarras e conferir a localização dos trastes, toda vez que suspeitava que um instrumento não dava a nota certa por que os traste tinham sido colocados errados. Nada impede porém de usar o mesmo material para fazer as suas próprias escalas. Há porém um detalhe de extrema importância, na hora da impressão você deve marcar a opção tamanho real no seu leitor de PDF, ou a sua escala vai sair com as medidas completamente erradas. Veja na foto 



         Usei a medida de 25 1/2" (647,7mm) padrão fender e 24 3/4" (628,65) padrão Gibson. Para o nut e para o comprimento do traste 22 usei 42mm/55.43mm e 43.05mm/57mm , padrão Fender e Gibson respectivamente. As medidas do nut e da largura da escala podem ser as que você quiser, o que não pode mudar é o comprimento da escala e as distâncias entre os trastes. Caso alguém precisar posso desenhar em outros tamanhos, só deixar um comentário ou mandar e-mail. Abaixo estão os links para baixar os arquivos. Deixei no tamanho A1 e também no tamanho A4, mas se quiser imprimir no tamanho A4 vai ter que recortar e colar as partes. Por enquanto é isso! 

Links dos arquivos 





Escalas padrão Fender e Gibson A1: https://drive.google.com/file/d/0BzBi7v4-_WgdWmE2RWhSZkRSejA/view?usp=sharing

ATUALIZAÇÃO

A pedido do leitor Erik, estou disponibilizando os PDF's da escala de um contrabaixo padrão Fender (34"). Pelo tamanho da escala, tive que dividir o arquivo em duas folhas A4, mas também disponibilizei em A1 (tive que colocar o desenho num ângulo de 35° para caber na folha) . Lembro mais uma vez de lerem o conteúdo do blog para ficarem cientes da questão da impressão do PDF e a fidelidade à precisão dimensional. Qualquer dúvidas ou sugestões é só comentar. Boa música a todos!  

Escala contrabaixo padrão Fender

A4-parte1: https://drive.google.com/file/d/0BzBi7v4-_WgdOHJ3Q2Z0OFJOOHM/view?usp=sharing

A4-parte2: https://drive.google.com/file/d/0BzBi7v4-_WgdcF92d3dEeEY3WDQ/view?usp=sharing

A1: https://drive.google.com/file/d/0BzBi7v4-_WgdVWpOZE9JV08tUEU/view?usp=sharing


Madeira cozida

          Se você tem acompanhado notícias sobre instrumentos e especialmente as guitarras, já deve saber dos problemas que grandes marcas como a Gibson têm enfrentado em relação à suas fontes de madeira ao redor do mundo, inclusive há um processo rolando contra a Gibson nos EUA https://blog.andertons.co.uk/guitars/gibson-raid. Há um grande problema de fornecimento de algumas madeiras como o mogno, ébano, o nosso jacarandá da Bahia e outras madeiras que estão cada vez mais difíceis de comercializar, e para a nossa tristeza essas são madeiras tradicionais na fabricação de instrumentos. 

              Mas se algo fica difícil para uma empresa ela busca outras alternativas, e a tecnologia está ai para isso. Eu não sei desde quando esse processo é dominado pela indústria, mas foi uma novidade para mim saber que eles "cozinham" a madeira, nesse caso o maple, para torná-lo parecido com o rosewood. Há inúmeras espécies de rosewood, o jacarandá da Bahia (Brazilian Rosewood) é uma das espécies mais cobiçadas para fabricação de instrumentos, mas leis de proteção ambiental dificultam o comércio dessa madeira. Também não queremos que  madeiras como essas  acabem, então acho que deve sim haver um rígido controle. Voltando ao  maple "cozido", que você verá com o nome de baked maple, o processo de obtenção dessa madeira consiste em expor o maple comum, de cor clara, à uma temperatura de 200 graus Celsius, num processo chamado de torrefação, depois sob pressão eles devolvem a umidade para a madeira. Veja a comparação de uma escala de maple tradicional usado pela Fender e uma escala de baked maple em uma Gibson Les Paul Studio 



Nessa foto você pode até achar que eu não pesquisei direito e me confundi colocando a foto de uma escala de rosewood, então vou deixar o link de onde a consegui https://laboratoriodeluthieria.wordpress.com/2014/10/19/teste-gibson-les-paul-studio-satin-worn-brown/. No final do post encontra-se as especificações técnicas da guitarra.

  Eu descobri essa história do baked maple no Andertons Blog https://blog.andertons.co.uk/guitars/gibson-baked-maple-fingerboard-guide, lá você encontra a história completa. Andertons é uma loja Britânica de instrumentos (ou rede de lojas, não sei ao certo e peço que me corrijam se for o caso), eles têm canal no youtube, só pesquisar. Aqui vai mais uma foto comparando o baked maple com o rosewood.


Nessa foto já dá pra notar os veios mais largos do maple, presentes na primeira e na terceira escala. Segundo o blog da Andertons, o baked maple deve possuir uma durabilidade maior do que o maple tradicional, graças ao processo de torrefação, mas isso só poderá ser comprovado a longo prazo. Não vou entrar em questões de timbre de madeira porque esse é um assunto muito polêmico e acima de tudo, eu nunca toquei em uma guitarra com escala de baked maple. O custo de tal processo eu também desconheço. Trouxe esse post aqui mais pela curiosidade que é a obtenção dessa madeira e para que as pessoas fiquem de olho vivo evitando não serem enganadas, caso o processo se torne comum e alguém passe a tirar proveito disso dizendo que o tal baked maple é outro tipo de madeira. Não estou questionando a qualidade dessa madeira, acho até que deve ter uma qualidade muito boa , mas é sempre bom ficar atento ás inovações do mercado.    


          Vou deixar um vídeo do The Allman Brothers Band aqui no final sem razão alguma além de que me deu na telha.

        
             Até a próxima!  (o,o)\m/            


     


                 

         
     
              

sexta-feira, 3 de março de 2017

Ligações em split, paralelo e outras alternativas

          Já faz um tempo que fiz alguns desenhos com as ligações que eu tinha usado na minha strato. Esses desenhos são de ligações em  paralelo, split de captadores e umas ligações malucas que podem servir para outras pessoas.  Todas as ligações são com a configuração de captadores HSH, mas entendendo bem os esquemas dá pra usar com qualquer configuração, até com chaves modelo Les Paul. Nos desenhos que fiz, usei o exemplo de um tipo de chave seletora onde os números 4 e 5 indicam o common, que são ligados no potenciômetro de volume. A sua chave seletora pode ter um design diferente, então procure entender bem o desenho e descobrir quais são os terminas equivalentes na sua chave. No material, ensino também a instalar um killswitch (que "desliga" a guitarra, legal pra fazer uns efeitos na onda do Randy Rhoads ou Tom Morello), ligação em paralelo, qual bonina desligar na ligação split e outras que acho bem legais. Para facilitar um pouco a vida de quem não tem muita intimidade com a chave seletora, vou deixar este link: https://www.youtube.com/watch?v=DoCv5LQ1rvA.

          Não se assuste logo de cara com os muitos fios representados no desenho, é apenas uma representação e na realidade você pode tornar a coisa toda muito mais bem organizada. Como são muitos fios, existe no canto esquerdo do arquivo em PDF um quadro com as camadas, cada camada representa um condutor e é possível esconder cada uma individualmente, o que facilita muito no entendimento. Quando resolvo montar algum desses circuitos deixo todas as camadas desativadas e vou colocando uma por uma a medida que faço a ligação na guitarra. Usei cores genéricas para os fios do captador, portanto você tem que descobrir qual cor equivale as cores do desenho através do código de cores do fabricante.

          Eu gosto muito da ligação que apelidei de ligação Blackmore, apenas por que prioriza o uso dos captadores do braço e da ponte. Essa ligação funciona assim: Posição 1 e 5 são as tradicionais; 2, 3 ou 4 combinam braço e ponte, não há diferença entre essas três posições; Quando a chave spdt (também funciona com uma spst) é ligada o captador do meio entra na jogada e é combinado com os captadores que estão selecionados na chave de 5 posições. Com essa configuração é possível ligar o captador do braço, braço e ponte, ponte, braço e meio, ponte e meio e os três ao mesmo tempo, só não funciona com o do meio sozinho. Acho esse esquema vantajoso, porque parar a chave exatamente nas posições 2, 3 e 4 é um saco e não costumo usar o captador do meio sozinho. Fique atento pra não ligar os captadores fora de fase (a não ser que seja proposital), depois não venha dizer que os esquemas estão errados kkk, embora correções são muito bem vindas e só ajudam a melhorar o material.


           Abaixo estão os links para os arquivos e suas respectivas legendas.

Chave Braço e ponte:
Escolha da bonina a splitar:
Ligação Blackmore:

Split Paralelo Killswitch apenas um Tone:
Split Paralelo Killswitch com 2 capacitores (pode-se usar capacitores com valores diferentes em cada captador):
https://drive.google.com/file/d/0BzBi7v4-_WgdZkxzbFdGSEJPSGM/view?usp=sharing
                                                                                             
Split Paralelo Killswitch Tone convencional:

 Acho que é tudo bem intuitivo, qualquer dúvida é só deixar um comentário. Abraços!




quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Os capacitores Bumble Bee Fake

         A minha opinião sobre esses capacitores é que o som característico proporcionado por eles pode ser explicado pela  perda de eficiência desses componentes.  Perder a eficiência significa basicamente que algo não funciona mais da forma que foi projetado para funcionar e fatores como a deterioração dos dielétricos do capacitor com o tempo, ESR, DC leakage, são alguns fatores que justificam o porquê dessa perda de eficiência. O timbre vintage que muitos apreciam tem, muitas vezes, relação com uma menor eficiência dos produtos do passado comparados com os modernos. 

        Independente do que eu leio ou vejo por ai, gosto de fazer meus próprios experimentos para tirar as minhas conclusões. Certa vez, quando fiz uma compra de componentes eletrônicos, resolvi testar vários tipos de capacitores na minha guitarra.  Comprei capacitores do tipo cerâmico, poliéster, polipropileno, óleo e poliéster metal film, todos de 33nf porque foi o único valor comum a todos que encontrei. Tive o trabalho de instalar e testar todos, e para todos os casos o timbre era praticamente o mesmo. Digo praticamente pois como já expliquei no post Como o circuito de tonalidade influencia no som , nenhum componente é idêntico, mas na real não notei diferenças gritantes. Quanto eu estiver inspirado, refaço a experiência e deixo os áudios aqui. Bom, mas eu ainda não havia testado o capacitor a óleo, e embora não tenha testado todos no mesmo dia, depois de tanto tira corda, abre escudo, tira componente, solda componente...eu já estava cansado. Mas será que o esforço valeria a pena e a mágica do capacitor a óleo ia acontecer?. Montei a guitarra e  liguei direto no amplificador, e meus amigos...que som, que som, queeee sooom...quase igual aos outros 😒. Devido aos meus testes, e com tanto que o valor seja o mesmo, não há motivo para um capacitor proporcionar um som tão diferente do outro assim, claro que existem sutis diferenças, mas nenhuma delas justifica cobrar valores absurdos por um capacitor, como você pode comprovar na loja da Gibson, link para a loja http://store.gibson.com/historic-spec-bumble-bee-capacitors-two-pack/ , capacitores vendidos por 129.99 dólares o par? tô fora. Nunca testei o famoso bumble bee, e por esse motivo não posso falar nada a respeito dele, mas até agora não há nada que me faça crer que ele é tão especial assim. 














 Na descrição do produto eles afirmam que ele foi especialmente desenvolvido para replicar os famosos capacitores produzidos na época e que eles funcionam como os originais. Não me entenda mal, cada um é livre para gastar o seu dinheiro da forma que bem entender, com o que ou quem quiser, mas e quando o produto não é tudo aquilo se esperava dele ou até mesmo há uma propaganda enganosa?. É exatamente isso que você pode conferir no vídeo que será apresentado logo mais, onde algumas pessoas descobrem que um suposto bumble bee, retirado de uma guitarra Gibson Les Paul, é nada mais nada menos do que um capacitor moderno que deve custar alguns centavos. Em cerca de 1:45 do vídeo a seguir, você pode verificar o teste destrutivo desse capacitor  https://www.youtube.com/watch?v=XeVk_OLqLOg. O vídeo é de 3 anos atrás, mas como está em italiano, possui apenas um comentário e relativamente poucas visualizações, penso que não foi muito difundido.

Aqui o print do comentário e logo após a tradução










  "Por que você abriu um antigo capacitor bumble bee? Eu não falo a sua língua e fiquei imaginando a razão."
" É um capacitor recente tirado de uma Les Paul 58 VOS. Nós o quebramos em frente à câmera para mostrar que, apesar da aparência, não é um capacitor de papel e óleo, mas um bom e moderno capacitor de polipropileno."  

Uma guitarra com a proposta de soar como a antiga, pq mudar o capacitor?, só pode significar que não faz tanta diferença assim, e para mim é o que as fábricas pensam, mas se as pessoas acham que há algo de tão especial, que o seu uso faz tanta diferença e o produto não é mais fabricado, portanto raro, está criado o cenário perfeito pra obter lucros maiores. A marca e  imagem têm muito poder de influenciar, quem não quer ter uma fender american standard?, agora tire o adesivo, a mágica desaparece. Imagine as mesmas madeiras de uma marca renomada, mesmo hardware, mesma captação e mesmo circuito, mas sem o logotipo...a mágica do instrumento desaparece. É uma bobagem se importar com a marca? talvez, mas certos instrumentos e afins são as nossas referências e referências de mercado, além de fazerem parte da história da música. Isso pode justificar o preço absurdo de certos equipamentos. Pedais como o tube screamer, por exemplo, custam duas ou três vezes mais do que um Boss SD1, que possui praticamente o mesmo circuito, e tudo isso por que as pessoas pagam, elas aceitam pagar o preço simplesmente porque é o cultuado produto . 
          Não tenho a intenção de mudar o gosto e as opiniões de ninguém, eu as vezes também me deixo levar pela marca ou só por que é um produto famoso, o problema é quando há alguém querendo tirar vantagem disso. Se deseja adquirir certos componentes, só porque existe uma lenda sobre eles, pesquise bem sobre o assunto para verificar se a lenda se justifica. Se ficarem convencidos de que realmente o uso de tais componentes fará uma real diferença no seu som, vá em frente e compre.